Pareceu-nos, então que o caminho seria levarmos o analfabeto, através de
reduções, ao conceito antropológico de cultura. O papel ativo do homem em sua e
com sua realidade. O sentido da mediação que tem a natureza para as relações e
comunicações dos homens. A cultura como acrescentamento que o homem faz ao
mundo que ele não fez. A cultura como resultado de seu trabalho. De seu esforço
criador e recriador. O homem, afinal, no mundo e com o mundo, como sujeito e não
como objeto. [...] descobrir-se-ia criticamente agora, como fazedor desse mundo da
cultura. Descobriria que ele, como o letrado, ambos têm um ímpeto de criação e
recriação. Descobriria que tanto é cultura um boneco de barro feito pelos artistas,
seus irmãos do povo, como também é a obra de um grande escultor, de um grande
pintor ou músico. Que cultura é a poesia dos poetas letrados do seu país, como
também a poesia do seu cancioneiro popular. Que cultura são as formas de
comportar-se. Que cultura é toda criação humana (FREIRE, 1963, p. 17)
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